Apple destina US$ 100 bilhões para ampliar produção de chips e componentes do iPhone nos Estados Unidos
A Apple anunciou nesta quarta-feira (6) um aporte adicional de US$ 100 bilhões em empresas e fornecedores norte-americanos pelos próximos quatro anos. O montante integra o American Manufacturing Program, iniciativa criada para fortalecer a cadeia de suprimentos doméstica e ampliar a produção de componentes usados em iPhones, Apple Watches e demais dispositivos da companhia.
Com o novo compromisso, o total de recursos prometidos pela Apple dentro do programa alcança US$ 600 bilhões entre 2024 e 2028. A cifra engloba os US$ 500 bilhões revelados em fevereiro e representa uma média de US$ 125 bilhões por ano investidos em território norte-americano.
Objetivo e parceiros estratégicos
O plano, anunciado ao lado do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, busca não apenas aumentar a fabricação interna, mas também estimular que empresas estrangeiras adquiram componentes produzidos no país. Entre os parceiros já confirmados estão Corning, Coherent, Texas Instruments, GlobalWafers, Broadcom e Samsung.
Um dos destaques do pacote é a destinação de US$ 2,5 bilhões para expandir a colaboração com a Corning, fabricante do vidro utilizado em iPhones e Apple Watches. Toda a produção ficará concentrada no estado de Kentucky, em instalações que a Apple classifica como uma de suas maiores iniciativas industriais nos Estados Unidos.
Outro contrato de longo prazo foi assinado com a Coherent, que passará a fornecer nos Estados Unidos os lasers empregados nos sistemas de reconhecimento facial dos iPhones. A meta é manter todo o processo de desenvolvimento e fabricação dentro do país, alinhando-se às diretrizes do programa.
Produção de semicondutores
A Apple estima que sua cadeia de suprimentos doméstica será responsável pela produção de mais de 19 bilhões de chips em 2025. Esse volume inclui semicondutores fabricados pela TSMC no estado do Arizona, wafers fornecidos pela GlobalWafers e circuitos integrados da Texas Instruments.
Para viabilizar o aumento de capacidade, a empresa trabalha com a Texas Instruments na instalação de novos equipamentos em fábricas nos estados de Utah e Texas. Já a GlobalFoundries, parceira especializada em tecnologias consideradas mais maduras, ficará encarregada de produzir soluções de carregamento sem fio no estado de Nova York.

Imagem: Casa Branca via olhardigital.com.br
Histórico de investimentos
A promessa atual não é a primeira iniciativa da Apple de ampliar sua presença industrial nos Estados Unidos. Em 2018, a companhia havia anunciado US$ 350 bilhões em investimentos ao longo de cinco anos. Em 2021, o valor foi elevado para US$ 430 bilhões. Agora, o compromisso de US$ 600 bilhões em apenas quatro anos representa o maior esforço financeiro da empresa no país até o momento.
Durante a apresentação, Donald Trump classificou o pacote como o maior aporte da Apple em solo norte-americano, ressaltando o retorno de parte da produção que anteriormente estava localizada em outros mercados.
Impacto das tarifas e diversificação geográfica
A decisão de reforçar a base industrial doméstica ocorre em meio a aumentos nas tarifas de importação aplicadas pelos Estados Unidos a produtos fabricados no exterior, especialmente na China. Atualmente, a Apple já arca com tributos sobre itens provenientes do mercado chinês e pode enfrentar novas taxas sobre semicondutores, dependendo do resultado de uma investigação conduzida pelo governo.
Para reduzir a exposição a esses custos, a empresa vem transferindo etapas de montagem para fora da China. Em maio, a Apple informou que a maioria dos iPhones vendidos no mercado norte-americano já é montada na Índia, medida que permite contornar parte das tarifas impostas ao país asiático. Embora os impostos sobre bens indianos estejam previstos para subir para 25%, fontes da Casa Branca indicaram à emissora CNBC que a companhia sofrerá impacto limitado.
Apesar da estratégia de diversificação, a Apple calcula que as atuais tarifas de importação podem gerar um custo adicional de aproximadamente US$ 1,1 bilhão apenas no trimestre em curso, valor que reforça a importância de consolidar uma cadeia de fornecimento doméstica robusta e menos suscetível a oscilações tarifárias.