Aliados discutem garantias de segurança para a Ucrânia antes e após acordo de paz

Aliados discutem garantias de segurança para a Ucrânia antes e após acordo de paz

Kyiv, 20 min — O ministro da Defesa do Reino Unido, John Healey, afirmou na capital ucraniana que Londres e os seus parceiros “estão prontos para apoiar a Ucrânia antes do início de quaisquer negociações e para assegurar a implementação de um eventual acordo de paz”. A declaração antecede uma cimeira de alto nível, marcada para quinta-feira em Paris, onde cerca de 30 chefes de Estado e de Governo deverão discutir garantias de segurança para o período pós-conflito.

Cimeira em Paris define quadro de garantias

Diplomatas franceses indicam que o trabalho técnico sobre essas garantias está concluído. Entre os elementos em análise figura um “rede de segurança” norte-americana que serviria de último recurso caso a Rússia violasse um cessar-fogo. O Palácio do Eliseu aguarda apenas confirmação de Washington para oficializar o mecanismo.

O secretário-geral da NATO, Mark Rutte, declarou que o objectivo da reunião é obter “clareza” sobre o que cada aliado pode disponibilizar, antes de negociar com os Estados Unidos o contributo final. Steve Witkoff, enviado especial de Washington, chegou a Paris para preparar a posição norte-americana; o Presidente Donald Trump participará por telefone no encerramento da sessão.

Um dos pontos mais sensíveis é a possibilidade de estacionar tropas estrangeiras na Ucrânia após a assinatura de um acordo. A administração norte-americana rejeita a ideia e Berlim considera prematuro assumir tal compromisso. Itália e outros membros da coligação enviaram sinais idênticos.

Reacções de Moscovo e contrapressão aliada

Em Pequim, Vladimir Putin declarou que a invasão “poderá continuar” e reiterou exigências máximas, incluindo o fim do que classificou como discriminação contra russófonos na Ucrânia. O líder russo admitiu “uma luz ao fundo do túnel” caso prevaleça “o bom senso”, mas avisou que, se tal não acontecer, Moscovo cumprirá os seus objectivos “por via militar”. Questionado sobre encontrar-se com Volodymyr Zelensky, sugeriu que o Presidente ucraniano poderia deslocar-se a Moscovo, proposta que Kyiv rejeitou de imediato.

John Healey descreveu as palavras de Putin como “bravata” e defendeu que a Rússia “está sob pressão”. O ministro confirmou a transferência para Kyiv de mil milhões de libras (cerca de 1,24 mil milhões de dólares) provenientes de bens russos congelados, convertidos em ajuda militar. Segundo Healey, este montante reforça a capacidade de defesa da Ucrânia “com o próprio dinheiro de Putin, mas com juros”.

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Imagem: Internet

Intensificação dos ataques russos

No terreno, as forças russas aumentaram a frequência dos bombardeamentos. Na madrugada de quinta-feira, as defesas ucranianas disseram ter neutralizado 84 drones, embora 17 localidades tenham sido atingidas. Na semana anterior, um míssil atingiu um edifício residencial em Kyiv, provocando 22 mortos, entre os quais quatro crianças, no que se tornou um dos ataques mais mortíferos desde fevereiro de 2022.

Perante esta escalada, Paris, Londres e outras capitais sublinham a necessidade de combinar apoio imediato — fornecimento de armamento, treino e sistemas de defesa aérea — com um pacote de garantias de longo prazo que dissuada futuras agressões. O plano actualmente em discussão prevê a continuação do treino das forças ucranianas, equipamentos fornecidos de forma regular e um eventual destacamento europeu para funções de dissuasão, a activar apenas após um cessar-fogo.

Próximos passos

Os participantes na cimeira de Paris esperam fechar um documento-quadro que estabeleça responsabilidades e prazos para cada membro da coligação. A decisão final dependerá da confirmação dos Estados Unidos enquanto fiador último do acordo. Em paralelo, Berlim insiste que a prioridade imediata é obter a aceitação russa de um cessar-fogo, meta que o Kremlin tem rejeitado até ao momento.

Ainda sem data previsível para negociações directas, os aliados procuram, segundo Healey, “garantir que a Ucrânia se mantém na luta agora e segura no futuro”. Enquanto isso, os combates prosseguem e a população civil continua exposta a ataques que não dão sinais de abrandar.

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