Al Gore surpreende-se com avanço climático da China

Al Gore surpreende-se com avanço climático da China

Al Gore surpreende-se com avanço climático da China. O ex-vice-presidente dos Estados Unidos reconheceu que, há 25 anos, jamais imaginaria ver Pequim ocupar o posto de principal impulsionadora da transição energética global, enquanto Washington recua em políticas verdes.

Em entrevista sobre o 9º relatório anual de clima da Generation Investment Management, Gore lamentou que a nação que pretendia liderar, caso tivesse vencido a eleição de 2000, esteja “desmontando” conquistas ambientais, ao passo que a China se firma como “primeiro Estado eletro do mundo”.

Al Gore surpreende-se com avanço climático da China

Segundo o estudo, 65% dos investimentos em energia hoje destinam-se a fontes renováveis, contra 35% voltados a combustíveis fósseis — uma inversão do cenário visto no ano do Acordo de Paris. Para Gore, os avanços chineses evidenciam “um giro irreversível”, embora os EUA continuem relevantes na inovação.

A liderança de Xi Jinping, afirma o relatório, atingiu a meta solar seis anos antes do previsto e vem adicionando capacidade equivalente a três usinas nucleares de 1 GW por dia em painéis fotovoltaicos. Mesmo com a abertura de novas termelétricas a carvão usadas abaixo de 50% da capacidade, a orientação de Pequim é, agora, reduzir emissões absolutas e não mais apenas intensidade de carbono.

No lado americano, o ex-vice-presidente criticou propostas que flexibilizam a medição de gases de efeito estufa em refinarias e usinas, lembrando que “não se gerencia o que não se mede”. Ele destacou a plataforma Climate TRACE, que monitora 99% das emissões globais em tempo real, como antídoto à falta de transparência.

O documento também projeta que data centers — impulsionados pela explosão da inteligência artificial — podem dobrar seu consumo elétrico, de 2% para 4% da demanda mundial até 2030. Contudo, soluções como solar com baterias e geotermia podem suprir esse salto sem comprometer metas climáticas. “Os próprios gigantes de IA buscam eletricidade mais limpa para manter a narrativa de sustentabilidade”, frisou Lila Preston, sócia da Generation.

Outro ponto sensível é o impacto da mineração de metais raros para baterias e painéis. Gore defende extração “responsável e sustentável”, ressaltando que o volume é “mínimo” se comparado à exploração cotidiana de petróleo e gás. Tecnologias de prospecção com IA são vistas como aliadas para reduzir danos a comunidades locais.

Al Gore surpreende-se com avanço climático da China - Imagem do artigo original

Imagem: Getty

Apesar dos retrocessos políticos domésticos e de episódios de injustiça ambiental — como o uso de turbinas a gás sem licença em Memphis, mencionado por Gore —, o ex-vice-presidente mantém o otimismo: “As soluções estão mais baratas, a opinião pública apoia a mudança e o poder de bloqueio da indústria fóssil encolhe”.

Para especialistas citados no relatório, o desafio é acelerar o ritmo a fim de evitar pontos de não retorno, como o recente enfraquecimento da Corrente de Humboldt. Mesmo assim, Gore cita a chamada Lei de Dornbusch: “As coisas demoram a acontecer e, de repente, acontecem rápido”.

De acordo com análise da Agência Internacional de Energia, tendências de investimento confirmam o cenário descrito pelo político norte-americano: a corrida por renováveis ganha tração, e quem liderar colherá ganhos econômicos substanciais na próxima década.

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Crédito da imagem: TechCrunch

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